Alice no País das Maravilhas: uma viagem pela lógica do absurdo
- Ediane Elis
- 21 de abr.
- 8 min de leitura
Uma garota entediada, um coelho de colete correndo com um relógio e um mergulho inesperado numa toca. Assim começa uma das histórias mais instigantes e inusitadas da literatura: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
Mas engana-se quem pensa que este é apenas um conto para crianças. É uma obra que desafia os sentidos, desmonta certezas e convida o leitor a se perder — e se reinventar — num mundo onde lógica e ilusão dançam juntas com desenvoltura.

Um resumo fiel e encantador (sem revelar demais)
Alice, curiosa e imaginativa, segue um Coelho Branco apressado e acaba atravessando os limites do que conhecemos como realidade. No mundo em que cai — que não se chama “País das Maravilhas” à toa — ela cresce, encolhe, conversa com uma lagarta filosófica, toma chá com um chapeleiro excêntrico e enfrenta as ordens tirânicas de uma rainha que quer cortar cabeças a todo instante.
Cada capítulo traz novos encontros e situações inesperadas: há um julgamento que não segue nenhuma lógica jurídica, um gato que desaparece deixando apenas o sorriso e até uma dança com lagostas à beira-mar. Nada é previsível, tudo é questionável — e isso é o que torna a narrativa tão instigante.
Um clássico que desafia a lógica — com leveza e crítica

Carroll, que era também matemático, constrói uma obra que ironiza as estruturas da linguagem, os sistemas educacionais rígidos e as normas sociais da Inglaterra vitoriana. Alice, com sua curiosidade e espírito crítico, confronta o absurdo com perguntas simples, mas profundas.
É como se o livro nos dissesse: “Quem disse que o mundo precisa sempre fazer sentido?”E mais: o que é "fazer sentido", afinal?
O diálogo com a Lagarta, por exemplo, é uma aula de existencialismo em poucas páginas: "Quem é você?", ela pergunta. E Alice, que muda de tamanho e de pensamento ao longo da história, já não sabe responder.
Por que ler (ou reler) Alice no País
das Maravilhas hoje?
Porque é uma leitura que renova o olhar. Em um mundo marcado pela pressa e pelo excesso de certezas, Alice nos convida a desacelerar e abraçar a dúvida como uma forma legítima de pensar.
Além de ser uma obra repleta de humor sutil, ritmo envolvente e personagens memoráveis, é um lembrete de que a imaginação é uma ferramenta poderosa — e que crescer nem sempre significa deixar de brincar com as ideias.
Leitores de todas as idades encontrarão ali algo precioso: uma porta aberta para refletir, questionar e — por que não? — se divertir com o que parece ilógico, mas revela muito sobre nós mesmos.
Um convite final
E você? Já se perguntou se é a mesma pessoa do começo desta leitura até agora?Talvez, como Alice, descubra que a pergunta é mais importante que a resposta.
“Somos todos loucos aqui”, diz o Gato.
Sim. Mas há método nessa loucura — e literatura da melhor qualidade.
Quem é quem no País das Maravilhas?
Descubra um pouco sobre os personagens excêntricos e memoráveis
Alice
A protagonista curiosa, ousada e imaginativa. Ao seguir o Coelho Branco, ela embarca numa jornada fantástica em busca de sentido em um mundo que constantemente desafia sua lógica e identidade.
Coelho Branco
O responsável por dar início à aventura. Sempre atrasado, de colete e relógio na mão, é um dos primeiros personagens que Alice encontra. Ele trabalha para a Rainha de Copas.
Lagarta Azul
Um ser enigmático que fuma narguilé e vive fazendo perguntas filosóficas. É famosa por indagar: “Quem é você?” — provocando reflexões sobre identidade e mudança.
Gato de Cheshire
Um gato sorridente que aparece e desaparece quando quer. Fala em enigmas, provoca reflexões e representa o mistério e a relatividade do sentido. Uma de suas frases mais icônicas é: “Somos todos loucos aqui.”

Chapeleiro Maluco (ou apenas Chapeleiro)
Figura excêntrica e tagarela. Protagoniza o “chá maluco” com Alice, preso em um eterno horário do chá. Adora charadas sem resposta e desafia o tempo e a lógica.
Lebre de Março
Companheira do Chapeleiro no chá eterno. É nervosa, imprevisível e igualmente excêntrica, participando das conversas confusas que desconcertam Alice.
Leirão (Arganaz ou Dormouse)
Pequeno roedor sonolento que adormece frequentemente durante o chá. Conta histórias absurdas e surreais quando acordado.

Rainha de Copas
A governante autoritária e temperamental do País das Maravilhas. É famosa por ordenar execuções com sua frase preferida: “Cortem-lhe a cabeça!” Representa o poder absoluto e o absurdo da justiça sem critério.
Rei de Copas
O oposto da Rainha. É submisso, mais calmo e frequentemente tenta amenizar as ordens impensadas da esposa. Atua como juiz durante o julgamento final da história.
Valete de Copas
Acusado de roubar tortas da Rainha. É o réu em um julgamento caótico onde a lógica está ausente e os testemunhos são desconcertantes.
Pomba
Uma pomba que suspeita que Alice seja uma serpente por estar no alto das árvores. Um exemplo de como os habitantes do País das Maravilhas tiram conclusões ilógicas com base em percepções distorcidas.
Tartaruga Falsa (Mock Turtle)
Criatura melancólica com cabeça de bezerro e casco de tartaruga. Conta longas histórias tristes sobre sua educação, misturando ironia e nonsense.
Grifo (Gryphon)

Criatura mitológica com corpo de leão e asas de águia. Acompanha Alice em sua visita à Tartaruga Falsa e incentiva-a a ouvir suas lamentações absurdas.
Irmã de Alice
Aparece apenas no início e no fim do livro. É com ela que Alice está antes de mergulhar na toca do coelho, e também é ela quem acolhe Alice ao final do sonho.
Cartas de Baralho
Os servos da Rainha. Há jardineiros (Dois, Cinco e Sete de Copas) que pintam as rosas brancas de vermelho e soldados em forma de cartas que obedecem cegamente às ordens da realeza.
Resumo Completo de
Alice no País das Maravilhas
Introdução
A história começa quando Alice, uma menina curiosa e sonhadora, vê um Coelho Branco apressado passar por ela, consultando um relógio de bolso — um comportamento inusitado que a faz segui-lo até cair em uma toca. A partir desse momento, ela mergulha (literalmente) em um mundo fantástico e repleto de absurdos.
A jornada de Alice
A queda e as mudanças de tamanho Alice desce por um túnel sem fim e chega a um salão com muitas portas trancadas. Ela encontra uma chave dourada e uma garrafa com o rótulo “Beba-me”, que a faz encolher. Ao comer um bolo marcado com “Coma-me”, ela cresce. Essas transformações se repetem ao longo da história, simbolizando os desafios do crescimento e da identidade.
O lago de lágrimas e os animais falantes Após crescer demais e chorar muito, Alice acaba nadando em um lago formado por suas próprias lágrimas, junto de diversos animais. Participa de uma absurda “corrida de comitê” para secarem-se, onde todos vencem e todos recebem prêmios.
O Coelho Branco e a casa de Mary Ann Confundida com a criada do Coelho Branco, Alice vai até sua casa buscar luvas e um leque. Lá, cresce demais e precisa se encolher para escapar — gerando uma grande confusão com Bill, o lagarto, e outros animais.
O encontro com a Lagarta Azul A Lagarta, fumando um narguilé, questiona a identidade de Alice com a icônica pergunta “Quem é você?” e a desafia a recitar versos. Ela a aconselha a comer partes de um cogumelo para controlar seu tamanho.
A casa da Duquesa e o Gato de Cheshire Alice encontra a Duquesa, a Cozinheira (que exagera na pimenta) e um bebê que se transforma em porco. O Gato de Cheshire aparece sorridente, fala em enigmas e indica dois caminhos: o da Lebre de Março e o do Chapeleiro Maluco.
O chá maluco Alice participa de um eterno chá da tarde com o Chapeleiro, a Lebre de Março e o Leirão. Lá, o Tempo está parado, o relógio está errado, e charadas sem solução e diálogos sem sentido compõem a cena.
O jardim da Rainha de Copas Alice chega ao jardim onde cartas pintam rosas brancas de vermelho. Conhece a Rainha de Copas, famosa por gritar “Cortem-lhe a cabeça!” para qualquer contrariedade. Participa de um jogo de críquete caótico com flamingos e ouriços, e de um julgamento sem lógica.
A Falsa Tartaruga e a Dança da Lagosta Com o Grifo, Alice encontra a melancólica Falsa Tartaruga, que conta sua vida escolar no fundo do mar e ensina a “Dança da Lagosta”. Tudo é nonsense, com um tom melancólico e cômico ao mesmo tempo.
O julgamento do Valete de Copas O Valete é acusado de roubar tortas. Testemunhas improváveis, como o Chapeleiro e a Cozinheira, fazem depoimentos confusos. Alice é chamada para depor, cresce subitamente e confronta a Rainha com firmeza. Quando o baralho inteiro salta sobre ela, Alice acorda no colo da irmã, percebendo que tudo foi um sonho.
Epílogo O livro termina com a irmã de Alice refletindo sobre o sonho e imaginando a menina adulta, ainda capaz de encantar crianças com suas histórias e conservar o coração puro da infância.
Quer levar Alice para sua estante?
Se você está pensando em adquirir uma edição de Alice no País das Maravilhas, já aviso que sou completamente suspeita para opinar... Mas sinceramente? Esse é um daqueles livros que merecem um lugar especial na sua estante.
É uma obra que se reinventa a cada releitura — cheia de camadas, símbolos e personagens inesquecíveis. Por isso, ter uma edição especial pode transformar ainda mais a experiência.
Agora, se a ideia é apenas conhecer a história sem compromisso com capa dura e ilustrações detalhadas, saiba que há também opções acessíveis e igualmente encantadoras, perfeitas para quem quer se aventurar no País das Maravilhas sem pesar no bolso.
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Espero que você se encante tanto quanto eu com essa história fantástica!
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Muita gente não sabe, mas o próprio Lewis Carroll adaptou uma versão em 1890 para crianças de 0 a 5 anos. A Baby Edition traz ilustrações de John Tenniel em preto e branco, prontas para colorir — uma introdução encantadora ao clássico para os pequenos leitores. 80 páginas (20.4 x 21 x 0.8 cm). https://amzn.to/3YFVVoG
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Esta edição da Antofágica recebeu tradução de Caetano W. Galindo. As artes são da artista visual Giovanna Cianelli e a apresentação da compositora Fernanda Takai. Além disso, ao final do livro o leitor encontra posfácios de Elisa Gergull, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Ana Carla Bellon, doutora em Literatura Comparada pela UERJ e Nathália Xavier Thomaz, mestre em Literatura Infantil e Juvenil pela USP. https://amzn.to/42nIo7G
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